Sunday, September 26, 2010

ANALISANDO “THE BLACK CAT"

 The Black Cat" é um conto de Edgar Allan Poe. Foi publicado pela primeira vez em 19 de agosto de 1843. Trata - se de um estudo da psicologia de culpa e ilustra a capacidade do homem e  de sua mente de observar sua própria deterioração e destruição.

“... when I had slept off the fumes of the night's debauch -I experienced a sentiment half of horror, half of remorse, for the crime of which I had been guilty; but it was, at best, a feeble and equivocal feeling, and the soul remained untouched.”

Para fazer a análise desse conto é necessário estar atento às variedades de símbolos e imagens utilizadas pelo autor. A história é relatada por um narrador/ personagem, plenamente consciente de sua deterioração mental, e em alguns pontos da história ele reconhece a mudança que está ocorrendo dentro dele, e ele tenta fazer algo a respeito, sente vergonha, mas ele encontra-se incapaz de sair de sua loucura.

“For my own part, I soon found a dislike to it arising within me. This was just the reverse of what I had anticipated; but I know not how or why it was --its evident fondness for myself rather disgusted and annoyed. By slow degrees, these feelings of disgust and annoyance rose into the bitterness of hatred. I avoided the creature; a certain sense of shame, and the remembrance of my former deed of cruelty, preventing me from physically abusing it.”

É uma narrativa considerada fantástica pelo uso de símbolos baseados no folclore, com uma linguagem figurada que anuncia o sobrenatural, e sua amplidão permite uma exploração mais extensa dos temas da violência, ódio, e culpa o que pode ser observado no trecho abaixo.
“...I took from my waistcoat-pocket a pen-knife, opened it, grasped the poor beast by the throat, and deliberately cut one of its eyes from the socket! I blush, I burn, I shudder, while I pen the damnable atrocity.”

O místico também pode ser observado  no nome do gato (Pluto) , em sua cor (preto) e por assim dizer, no próprio animal. A cor preta nos remete ao mundo das trevas, e o nome Pluto (deus do inferno) denota a anormalidade do narrador. Em muitas tradições o animal é tido como servidor do inferno, simbolizando a fatalidade, e possui qualidades mágicas, pois vê espíritos e tem sete vidas. A semântica intui-nos a perceber os acontecimentos fantásticos e fornece diversas contribuições, produzindo medo, espanto, terror e suspense, criando um universo particular e macabro. O narrador utiliza um excesso, que é o ponto comum que causa surpresa, pânico e desespero.
É uma leitura prazerosa, a qual o leitor se envolve com o relato, cria-se um mundo de emoção. O principal efeito que o narrador/personagem quer atingir no leitor é uma sensação de absoluta perversidade.

“One morning, in cool blood, I slipped a noose about its neck and hung it to the limb of a tree;...”

A história gira em torno de um homem de coração bom e que amava os animais. Com o tempo e devido ao excesso de álcool, ele se torna amargo e cruel. Ele tinha um gato preto chamado Pluto que era o seu preferido dentre todos os animais que possuía. Pluto era um gato extraordinariamente grande e belo, todo negro e de espantosa sagacidade. Um dia tomado pelo ódio, causado por uma mordida de Pluto, ele arranca-lhe um dos olhos e poucos dias depois o enforca em uma árvore no jardim. Percebe-se então uma aversão do narrador/personagem  ao animal, que após assassiná-lo, é surpreendido por um incêndio e seu pensamento se direciona ao gato que havia enforcado.
“On the night of the day on which this cruel deed was done, I was aroused from sleep by the cry of fire. The curtains of my bed were in flames. The whole house was blazing. It was with great difficulty that my wife, a servant, and myself, made our escape from the conflagration. The destruction was complete. My entire worldly wealth was swallowed up, and I resigned myself thenceforward to despair...”

“...When I first beheld this apparition --for I could scarcely regard it as less --my wonder and my terror were extreme. But at length reflection came to my aid. The cat, I remembered, had been hung in a garden adjacent to the house...”

 Fica evidente que muitos atos do narrador/personagem são sem lógica ou motivação, onde se pode observar toda a sua perversidade.
Em relação aos elementos estruturadores do conto, temos um narrador auto crítico coexistindo em dois espaços: o objetivo e o subjetivo. O narrador descreve rapidamente o espaço objetivo entrando, em seguida no subjetivo. Na história, a casa e o quintal são os lugares das experiências sobrenaturais, do perigo e da perda. Quando consegue transpor os limites do mundo exterior, o narrador entra em outro, formado por sua memória, retrospectiva, recuperando várias cenas em "flashback”.  O que pode ser observado nos trechos abaixo.

“... I am above the weakness of seeking to establish a sequence of cause and effect, between the disaster and the atrocity. But I am detailing a chain of facts --and wish not to leave even a possible link imperfect...”
“... When I first beheld this apparition --for I could scarcely regard it as less --my wonder and my terror were extreme. But at length reflection came to my aid. The cat, I remembered, had been hung in a garden adjacent to the house. Upon the alarm of fire, this garden had been immediately filled by the crowd --by some one of whom the animal must have been cut from the tree and thrown, through an open window, into my chamber. This had probably been done with the view of arousing me from sleep. The falling of other walls had compressed the victim of my cruelty into the substance of the freshly-spread plaster; the lime of which, had then with the flames, and the ammonia from the carcass, accomplished the portraiture as I saw it.”
Os fatos relatados, segundo sua percepção, interferirão nas descrições do ambiente, mudando a sua natureza, visto que o mundo exterior cessa de ter uma realidade plena. No porão, o narrador/personagem  enfrenta seu próprio terror, sentimento desenvolvido por sua loucura. Nesse lugar, o macabro mistura-se ao real, e evidencia a ambigüidade. Essa indecisão, objetivo versus subjetivo, intensifica, ainda mais, a angústia do personagem que prevê os futuros acontecimentos. O narrador/personagem  vivencia fatos particulares, que possuem espaço e tempo próprios, os quais se interligam, contribuindo  para a progressão do personagem tanto espacial como temporalmente. A evolução temporal se acelera no momento da descoberta do segundo gato.
O monólogo do personagem contribui para romper a linearidade do tempo, pois é ele quem manipula os lapsos temporais, conforme as necessidades da evolução da história Esse “flashback” se faz continuamente, conforme sua memória. Mescla o passado remoto, empregando o pretérito perfeito, com o presente da narrativa. Esse resgate memorial permite ao narrador personagem  vivenciar novamente os fatos que o levaram a sua transformação, simultaneamente, defrontando-se com sua insanidade. 

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